Diariamente, vivemos e passamos por acontecimentos que nos fazem sentir, com mais clareza, nossas emoções. Se esses acontecimentos são perdas, traumas, fracassos, falhas, frustrações, medos, decepções, vamos experimentar todo o tipo de sofrimento, tais como tristeza, ansiedade, compulsões indesejadas, auto-sabotagem, doenças emocionais e físicas, aborrecimento, assim como raiva, etc. O que pode nos ajudar a aliviar estes tipos de sofrimentos?
A psicoterapia pode ajudar o sofrimento emocional. E, além da psicoterapia, existem passos e formas que cada um de nós – à sua forma – pode utilizar na sua vida para aliviar parte deste sofrimento.
SEJA VOCÊ MESMO
Seja fiel aos seus objetivos, valores, sonhos e projetos futuros. Ou seja: saber aquilo que você deseja na sua vida, estabelecer limites para você mesmo, e ter as suas próprias crenças e opiniões, vestir a sua própria roupa (ou o seu corpo, enquanto roupagem), defender as suas próprias idéias, que lhe fazem sentido. Seja genuíno na sua (para com a sua) dor, na expressão das suas emoções. Perceba o que mexe com você, o que faz você levantar todos os dias de manhã… O que você defende na vida? O que mantém você focado nos seus objetivos? O que faz que lhe dá alegria?
Investir no autoconhecimento, quando sabemos quem queremos ser, como agir e o que sentir, nos tornamos mais capacitados para a auto-orientação e para a orientação dos caminhos que trilharemos ao longo da vida. Os caminhos sombrios e confusos começam a ganhar luz.
INVENTE E RE-INVENTE VOCÊ MESMO
Quando percebemos que a nossa vida vai tomar um rumo que não queremos ou que determinados comportamentos nos prejudicam, é importante que tomemos consciência que nossas decisões (ou a falta de) contribuíram para o estado em que estamos, ou que estamos indo. Apesar de toda a dor emocional, algo maior surge: a possibilidade de fazermos algo diferente e ir ao encontro do caminho que queremos que a nossa vida vá. Isso é tomar conta da nossa capacidade e potencial.
Você tem atributos e capacidades e inclinações que são desenhadas em determinado ambiente e que, no passado, podem ter lhe sido úteis. No entanto, em determinado momento da sua vida tudo parece tomar outro rumo (ruim) e você tem à disposição o benefício de se auto-questionar. Você pode conseguir reduzir o sofrimento emocional ao decidir se comportar de forma a experimentar menos angústia emocional: mais calmo, menos (auto) crítico, menos egoísta, mais produtivo, etc.
AMAR E SER AMADO(A)
O nosso desenvolvimento e crescimento beneficiam o contato conosco e com o outro, disponibiliza-nos para o afeto e para a interação. Somos seres que, também aprendemos, na relação, e temos características para viver em sociedade. Estamos estruturalmente desenhados para criarmos laços, sintonias e cumplicidades. Na base de tudo está o amor. Com ele, somos mais felizes, mais confortáveis e experimentamos a vida com mais significado. É importante termos a nossa individualidade, mas também devemos possuir e distribuir afeto. Para viver no individual e no afeto (na relação), é importante que reconheçamos a realidade do outro, incluí-lo na nossa vida, e não apenas falarmos de nós e das nossas idéias e preocupações mas, também, ouvir ativamente para nos adaptarmos às mudanças e nos sentimos inseridos no ambiente que nos rodeia.
ADQUIRIR CONTROLE SOBRE A SUA MENTE
Não podemos impedir que algo que aconteça na nossa vida não nos cause dor emocional. Por outro lado, a maior causa de sofrimento emocional é aquilo que pensamos a respeito do que pensamos. É importante aprender a identificar os pensamentos que não nos servem, abrindo uma brecha para não ouvir, internamente, estes pensamentos e poder substituí-los por pensamentos mais saudáveis. Pensar a respeito de pensamentos que não nos servem é o mesmo que promover e buscar o sofrimento emocional. Só você pode obter controle sobre a sua própria mente e, se não fizer esse trabalho, vai aumentar a probabilidade de viver uma vida de sofrimento.
DEIXE IR O PASSADO QUE DÓI
Não somos imunes ao sofrimento e, também por isso, não conseguimos impedir que o impacto emocional do passado se expresse no hoje. Não é possível não sentir. A dor emocional existe de diversas maneiras: suores, pesadelos, tristeza, raiva, sentimento de derrota, a perda, o desanimo, a falta de energia. Podemos, no entanto, nos libertar da angústia do passado, que, já que está lá, não precisa (não pode) existir mais no hoje. Devemos nos esforçar (e nos forçar) a seguir em frente. Se você desenvolveu algum hábito que fazem disparar memórias que doem, a qualquer momento isso pode re-abrir as feridas emocionais do passado.
Se você é sempre importunado pelo seu passado, é importante que tome algumas decisões e mude determinados padrões. Talvez você precise reinterpretar os acontecimentos que estão na base do sofrimento ou aceitar as perdas que vem daí. Se você é muito reativo, ressentido ou amargurado, e sente-se vítima da sua história, tente investir na reestruturação do seu passado (no agora) e liberte-se (e queira libertar-se) das mágoas antigas.
APRENDA A CONTROLAR A ANSIEDADE
Não é possível não sentir. O mesmo é aplicado aos sintomas da ansiedade: batimentos cardíacos elevados, nó na garganta, embrulho no estômago, respiração ofegante, suar, agitação física, irritabilidade. Tudo isso expressa a memória que faz disparar a dor emocional. Existem técnicas e estratégias que podem reduzir a ansiedade, tais como: respiração, técnicas de relaxamento, meditação, dentre outras. Mas, o que vai fazer a diferença é você não ficar ainda mais tenso com os sintomas que sente, tentando contextualizar o momento de vida que está atravessando, e percebendo que tem à sua disposição a capacidade de auto-organizar-se e tomar as rédeas dos seus comportamentos.
É importante que abandone a mentalidade de se vitimizar, caso seja o seu caso. Deixe de viver as adversidades da vida de forma catastrófica. A mudança de mentalidade pode promover a sua capacidade de regular os sintomas da ansiedade para níveis mais aceitáveis e, com isso, chegar cada vez mais próximo ao seu equilíbrio emocional. Não ignore a sua dor ou a sua dificuldade, mas capacite-se e aprenda a fazer coisas para regular os seus estados internos para níveis funcionais.
ESTABELEÇA SIGNIFICADOS DELIBERADOS
Alguns de nós temos a noção de que devemos buscar significado para a nossa vida, como se esta estivesse perdida. Podemos ter mais significado na nossa vida se pararmos de buscá-lo, como se tivesse perdido, ou como se o outro soubesse mais dele do que nós. É importante perceber que temos o poder para influenciar o significado que damos às coisas e contribuir ativamente para a sua criação. Ao investir dia-a-dia em ações que podem gerar um resultado que nos reforça, que nos deixa felizes, ou naquilo que desejamos pode contribuir de forma ativa para a construção de um significado para a nossa vida. Quando olhamos para ela como significativa e com propósito, ficamos mais aptos a lidar com os abalos e sentimos que os esforços que fizemos valeram a pena. Quando aprendemos a valorizar pequenos atos, baseado na decisão de construir significado nas nossas ações, pensamentos, atividades, envolvimentos, caminhamos na vida com a convicção de que podemos influenciar, de forma positiva, aquilo que tem significado para a gente.
CUIDADO COM O HUMOR. ORIENTAÇÃO PELOS OBJETIVOS
O significado que atribuímos às coisas é mais importante para guiar a vida do que o estado de (mal) humor que nos encontramos. Assim, ficamos mais cônscios para lidar com o sofrimento emocional. Assim, a cada dia, anunciando a você mesmo o que pretende realizar e o que lhe faz sentido, como pretende lidar com as tarefas diárias, como pretende relaxar, como pretende agir com o outro, pode ser muito benéfico para tirar-lhe desta dor.
Se você considerar que pode influenciar o seu estado de humor ou que pode fazer o que deve ser feito, ou o que se propôs, mesmo não sentindo vontade para realizar, toma as rédeas do enfrentamento do dia-a-dia. Quando você consegue fazer o exercício de separar os seus estados incapacitantes e orientar-se mais pelos objetivos do que pelos variados estados de humos, irá contribuir para a redução do sofrimento emocional. Oriente-se, portanto, sobre as suas intenções e menos pelo seu mal humor.
ATUALIZAR SUA PERSONALIDADE
Pode ser que você não seja a pessoa que gostaria de ser. Pode ser que você esteja andando mais nervoso do que gostaria de estar. Mais impulsivo. Mais disperso. Mais indisciplinado. Se algum desses (ou outros) for o seu caso, você precisa rever você mesmo e, isso, só você pode fazer por você. Pergunte a você mesmo: que pensamentos e ações estão alinhados com os meus objetivos e com aquilo que dou sentido e significado? Tente visualizar que pensamentos você tem que implementar e que medidas tem que tomar para colocar estes pensamentos em prática. Assim, você implementa um conjunto de pensamentos e formas de agir e atuar no mundo que podem aliviar seu sofrimento.
LIDAR COM AS CIRCUNST NCIAS
As circunstâncias que enfrentamos têm peso na nossa reação emocional. Não é possível ignorar os acontecimentos da vida. Importa a situação econômica, os nossos relacionamentos, as condições de trabalho, a nossa saúde. E, determinadas circunstancias estão fora do nosso controle. Muitas, no entanto, então sob o nosso controle. É possível mudar de emprego ou de carreira, separar do marido, perder peso, irritar-se, manter a calma, etc. Podemos fazer exatamente aquilo que achamos que podemos fazer para mudar (e melhorar) as nossas circunstâncias. E, como resultado, nos sentimos emocionalmente melhores. O alivio do sofrimento requer que você tome uma ação real no mundo real.
CONCLUSÃO
Cada um de nós, em determinados momentos, somos alvo do sofrimento emocional. Não há como fugir disso. É importante saber, no entanto, se temos ferramentas à nossa disposição para aliviar este sofrimento e perceber que temos a capacidade de nos ajudar em momentos difíceis. Você pode compreender você mesmo, estabelecer objetivos, agir em sintonia e coerência consigo mesmo, aprender (e apreender) com a experiência, crescer e superar a dor infligida. No entanto, nada disso é real e verdadeiro se você não estiver disposto a trabalhar para isso. Não há quem possa fazer isso por você.