Segunda sessão do paciente:
– O que que eu tenho que falar?
– O que você quiser me falar. O espaço e o tempo são seus.
– Tá bom, mas qual é o objetivo disso aqui?
(Isso aqui = a terapia)
(Eita, que difícil, paciente. Qual o objetivo da terapia pra cada um? O que se espera de um processo terapêutico? Qual o fim disso?)
Fui falar de “processo de individuação”. O objetivo da terapia é tornar-se quem se é. Se descobrir.
O paciente não estava satisfeito. Era muito “psicologês”.
– Só quero que você seja feliz.
Se eu puder ter um objetivo, pras terapias dos meus pacientes, é que eles sejam felizes.
O paciente, na segunda sessão, abriu um sorrisão e disse “tá bom, gostei”.
Já perdi a conta de quantas sessões tivemos. A gente está se conhecendo.
Ele está se conhecendo.
Estamos construindo uma história. Ele está contando a sua história.
Muitas vezes, ele fica calado.
Outras tantas, ele fala bastante.
“Tenho uma pra te contar que nem sabe!”
Faz revelações que nunca fez pra ninguém. (Terapia é isso também, minha gente).
Se emociona. Ri bastante.
Muitas vezes, rimos juntos (sim, eu me permito).
A terapia – rumo ao lugar feliz – é isso. Se emocionar, rir, se revelar, se descobrir. O lugar feliz não é casa, dinheiro, casamento, comida. É dentro.
(*) O paciente leu o texto antes e autorizou a publicação, que está mantendo o sigilo terapêutico.