Hoje um amigo no trabalho estava procurando um parafuso perdido. Num chão de carpete cinza. Um parafuso. Que deve ser também cinza.
– Eu te ajudo a procurar – disse a ele. Sou devota de São Longuinho.
E agarrei o meu santinho, que fica sobre a mesa de trabalho.
Já tem tempo que eu soube que São Longuinho não foi um santo, mas uma crendice popular. De achar “loguinho” aquilo que se busca ou se perdeu.
Pra mim São Longuinho é um santo bem fofo (a imagem dele carrega uma lanterna!) e que ajuda a gente a buscar coisas perdidas. E eu, devota que sou, peço tudo a ele. E pago as promessas, com bem mais que três pulinhos.
Mas hoje, olhando praquela imagem daquele santo carregando a lanterna me veio o pensamento do quanto meu santo amigo se parece conosco, psicólogos.
Parte do nosso trabalho é encontrar, junto com o paciente, coisas ocultas.
Trazer coisas perdidas para a luz dos olhos.
Não somos nós, psicólogos, que buscamos. Muitas vezes, nem sabemos ainda o que é aquilo que se perdeu.
Perdeu o amor? A confiança? A alegria? O emprego? O marido? A direção da vida? A perspectiva? A luta? As suas questões internas? Perdeu a si mesmo? Onde?
E nós, Psis, tal como o santo amigo, temos a lanterna na mão. A gente só ajuda a iluminar os caminhos obscuros. A mergulhar na escuridão do inconsciente para juntos, acharmos onde está aquilo que se perdeu.
Então, minha gente, quero dizer a vocês. Tomem as suas lanternas internas, acendam a sua luz dentro da escuridão. Vocês vão achar coisas sensacionais dentro de si que pode ser que nem sabiam que estavam perdidas!
E o parafuso, do amigo do trabalho? Não achamos.
Mas isso não tem a menor importância. Era só um parafuso! Mais importante é a gente iluminar os caminhos. Os internos.