Textos

SOBRE A SIMPLICIDADE DA VIDA E O DIA DAS MÃES

Eu não sou mãe. E já perdi a minha. Tenho uma madrasta que representa este papel materno na minha vida, mesmo quando a minha ainda era viva. Escrevo este na véspera do dia das mães, sábado. Vocês devem estar lendo no pós-dia-das-mães. Tudo bem.

Aos sábados, gosto de caminhar / correr na praia de Copacabana-Leme, bairro onde moro. É o meu momento exercício-relaxamento-meditação-contemplação. Lá, na praia, no conjunto de areia-mar-céu-nuvem-natureza, é o lugar onde mais me sinto “em casa”, o momento que mais estou comigo mesma. E, neste processo de auto-observação, eu observo o mundo – e as pessoas – que passam pelos meus olhares.

Digo olhares no plural, porque temos vários olhares. Consciente ou não, escolhemos aquilo que vemos. Ou a beleza da natureza, ou a chuva que cai fina (como hoje); ou o pedestre que passa na ciclovia sem prestar atenção na bicicleta que vem, ou o ciclista que percebe o pedestre e reduz a velocidade; ou o vendedor ambulante buscando turistas no olhar, ou a velhinha a passos lentos.

Hoje, além disso tudo, meu olhar captou as crianças-e-pais-e-mães. Sim, porque existem pais com caras de mães. Mãe tem sempre cara de mãe. Pai pode ter cara de pai, mas, também, de mãe. Conheço alguns. E é lindo de se ver.

Uma pequena exposição de ursos no Leme (esculturas pintadas) juntava famílias e smartphones e celulares e flashes e sorrisos. As crianças eram as mais agitadas, felizes e empolgadas, escolhendo o urso “mais bonito” para posar para as fotos-sorridentes-dos-pais-orgulhosos.

Um pai (ou avô?) de sunga, carregava o filho (neto?) no carrinho. Sozinho. Sem mãe, filha, esposa. Estavam indo curtir um dia na praia. O pequeno dormia; o moço sorria. Tinha amor e orgulho no seu olhar.

Gosto de ver as crianças soltas, sem carrinho, sem mão aflita de pai e mãe. Gosto de ver os olhares atentos dos pais, mães, pais-mães para a liberdade dos seus. O olhar atento e a confiança permite que as crianças sejam livres. E é na liberdade que elas se (re)conhecem. É no (auto)conhecimento que existe a relação. E o amor.

É a confiança que temos em nós mesmas (pensando nas mães) que gera a confiança que sentimos pelos nossos pequenos. É na liberdade que damos aos pequenos que permitimos que eles sejam eles mesmos, que podemos ser mães-pais-tios-avós-amigos, sem cordão umbilical. O cordão, somos nós que mantemos. É da natureza (da criança) (desejar) ser livre

E é com esta simplicidade da vida que eu desejo celebrar o dia das mães. O dia de ser mãe-de-mim-mesma, o dia de observar as mães-de-todos. O dia de poder ser livre, o dia de poder confiar em mim e no outro, o dia de poder ser feliz, e amar.

Se você é mãe, feliz dia das mães para você.

Se você tiver mãe, dê o meu abraço nela, pelo dia das mães dela.

O mesmo se você tiver avó.

O mesmo se você tiver uma tia que foi sua mãe.

O mesmo se você tiver uma babá que foi sua mãe.

O mesmo se você tiver um pai (ou tio, ou avô, ou amigo) que foi sua mãe.

Desejo, sobretudo, que você seja mãe de si mesma. E, que, apenas (apenas?) por isso, se abrace.

CONSCIÊNCIA: A CHAVE PARA O CRESCIMENTO

Para muitos de nós, a ideia de crescimento e desenvolvimento é aterrorizante. Aprende-se mais através de livros, cursos, palestras, retiros, conversas com colegas, inspirando e motivando-nos na busca de formas e ferramentas que possam contribuir para a nossa melhoria de vida. Busca-se felicidade, calma, criatividade, clareza de ideias, ou, até mesmo, melhorar algum momento ruim que estejamos passando. Isso tudo é muito bom para quem quer evoluir e progredir.

Nem sempre, no entanto, se atinge o sucesso e a paz de espírito que tanto se deseja, e aí, ficamos em uma briga interna com os conflitos pessoais, o que acarretam na dor emocional, desespero, frustração, e coloca em cheque todo o investimento anteriormente feito.

O que poderá faltar nesta fórmula para a busca do bem-estar, em detrimento do insucesso e do fracasso? Tudo isso pode começar a fazer sentido quando passarmos a descobrir e a usar a nossa consciência.

Aceitar plenamente o que nunca pode ser alterado ajuda a exonerar tudo o que ocorreu de errado, em um momento que era, também, de crescimento.

RECOMEÇAR A VIDA

É chegada a hora de se libertar das restrições do passado.

O que aconteceu na vida passada não pode mais (não deveria) mais gerar emoção, ou humilhação, ou qualquer que seja o sentimento.

Hoje, você pode usufruir da sua capacidade de ser livre e bem-sucedido emocionalmente.

A auto-sabotagem é um dos sentimentos / emoções do passado, que trazemos para a vida atual. Ela remonta ao abuso ou trauma do passado que orienta-se por crenças desvantajosas e profecias auto-realizáveis. Se você acredita no seu próprio fracasso, você precisa se questionar a respeito de qual será a causa que faz você antecipar os resultados negativos? O que, no passado, deu origem a um aprendizado auto-destrutivo? Conseguindo achar este “gatilho” auto-destruidor de suas próprias capacidades, você deu o primeiro passo, para deixar de repetir estes padrões negativos. Você só continuará a ser afetado negativamente pelos acontecimentos do passado se as auto-crenças que estão nas raízes permanecerem sem resposta. Assim que você perceber que têm mais recursos hoje do que tinha no passado, pode decidir reestruturar o que já passou.

Revisitar o passado objetivando reestruturá-lo é um processo que está ao seu alcance e ao alcance de cada um de nós. Existem, no entanto, várias outras razoes que justificam abraçar este processo (não tão fácil) de revisitar o passado buscando liberar-se das amarras que lá estão. E, todas estas razões dizem respeito à libertação das âncoras do passado e o encerramento de histórias que permitam que ande-se para o hoje, e para o bem-estar do futuro.

Sentimentos de raiva, culpa, vergonha, arrependimento precisam ser resolvidos. Uma forma possível de resolvê-los é entender o que aconteceu com você, como algo que tinha que, efetivamente, acontecer, de acordo com o seu desenvolvimento (e possibilidades) daquela época.

É um clichê dizer que todos nós fazemos o melhor que podemos com aquilo que temos. Ainda assim, tendo a perspectiva do bem-estar da condição humana não é caridade, mas um desejo de cada um de nós.

Para entender com compaixão nossas fraquezas coletivas e defesas, bem como os limites da nossa sensibilidade, conhecimento, compreensão e desenvolvimento, é importante que aceitemos nossas fragilidades de uma forma que nos permita ir além de sentimentos aprisionadores (ressentimento, ódio, auto-sabotagem, vingança, etc.). Então, você é (e pode ser) capaz de adotar uma posição saudável a respeito do seu futuro, abandonando mágoas e decepções do passado (para com o outro e para consigo mesmo) o mais rapidamente possível.

REDEFENIR SEU EU

Se você sabe que desenvolveu um autoconceito negativo, é importante se perguntar de onde vem isso. Fazendo isso, provavelmente, você vai descobrir que qualquer sentimento que possui de não ser suficientemente bom advém das mensagens erradas que deu a si próprio no passado. Não importa se estas mensagens eram ostensivas ou dissimuladas, intencionais ou por acidente. Elas aconteceram. E, se você se sentiu obrigado a aceitar a culpa e/ou a responsabilidade de determinado acontecimento, já introjetou essa base perniciosa.

Se você é autocrítico, pode ser de grande valia fazer uma viagem interna mental aos acontecimentos do passado e questionar se alguém era critico com você (pais, professores, etc.), ou se eram rígidos colocando, sobre você, muitas expectativas nas suas ações e objetivos. Após ter consciência das coisas que abusaram você emocionalmente, você pode, então, começar a reduzir a autocrítica negativa e parar de se denegrir. Quando você perceber que não tem que continuar a orientar sua vida por expectativas alheias, pode se libertar do seu passado e seguir em frente liberto dessas algemas. Você pode, também, parar de alimentar os seus pensamentos destrutivos e estabelecer – de você para você mesmo – expectativas mais assertivas. Agora, você tem a opção de escolher as suas autoavaliações, e não existem razoes para ter aprendizagens que o impele a adotar um discurso desanimador e padrões comportamentais depreciativos do passado que lhe foram impostos.

Com mais conhecimento e consciência de si, você pode começar a rever as suas crenças e autoconceitos negativos, que, quando criança ou adolescente, podem ter feito todo o sentido, mas não mais. Agora, você pode rever essas noções (e padrões) com mais precisão e ver que o sentido tomou outro sentido. Pode, eventualmente, reconhecer que essas autoavaliações negativas têm sido um obstáculo a alguns dos seus objetivos (no futuro). A sua falta de confiança, medos, baixa auto-estima, feridas emocionais, incapacidades podem precisar de uma reavaliação à luz de todo o conhecimento e experiência que você adquiriu desde a infância.

Sem fazer este trabalho reparador, é quase inevitável que seu comportamento continue a ser orientado por mensagens distorcidas e depreciativas que recebeu sobre si, ou que os outros lhe definiram.

REVER O PASSADO DE FORMA PRODUTIVA

Rever o passado é diferente de insistir nas memórias traumáticas ou perturbadoras. Reestruturar o passado e revivê-lo mentalmente é o processo de construir um novo entendimento e a possibilidade de corrigir as deficiências de avaliação do que aconteceu e do autoconceito que se aprendeu a partir daquilo.

A respeito do seu nível de desenvolvimento da consciência, a sua experiência, crença e forças de olhar o mundo, você não podia ter entendido com precisão e de forma assertiva o que os seus olhos e ouvidos pareciam estar lhe dizendo.

É provável que, vendo a realidade a partir dos olhos de uma criança, de um jovem ou de um adulto, não poderia deixar de atribuir significados negativos para si mesmo, tendo experienciado eventos negativos que podem, de fato, ter tido pouca coisa a ver com você.

É importante rever o passado para descobrir onde tiveram sentimentos autodestrutivos e autoavaliações e crenças negativas sobre você mesmo ou sobre o outro.

Este processo pode ser útil para que você consiga modificar e atualizar os sentimentos negativos que traz até os dias de hoje e que você julga que atormentarão você para o resto da sua vida.

ENERGIA E ACEITAR O PASSADO

Quando o passado nos marca profundamente e nos ancora naquilo que está lá, é provável que esteja relacionado com adaptações reativas e inadequadas. Esses comportamentos e formas de pensar afetam negativamente os resultados de hoje, sobretudo pelo fato de não se aceitar os acontecimentos que já se foram. A aceitação permite um distanciamento, e este pode promover a reestruturação comportamental futura.

Explicando: ao perceber que não somos (e não fazemos mais parte do) o passado, e que a análise destes acontecimentos tem nos prejudicado, ficamos numa posição favorável para termos consciência que podemos seguir em frente. Temos consciência de que é possível olhar o futuro sem as amarras do passado. Mas de que forma? Como é possível não continuar amargurado, ressentido e impotente?

No momento exato em que perceber que o comportamento que tem atualmente está, na verdade, preso a condicionamentos do passado, faça, a si mesmo, algumas perguntas:

O que posso fazer para voltar a ter confiança em mim mesmo?

O que posso fazer para não ser mais rancoroso?

O que posso fazer para voltar a ter confiança nos outros?

O que posso fazer para recuperar minha auto-estima?

O resultado de não se deixar retornar ao passado, pode roubar-lhe oportunidades para realizar o que pode estar ao seu alcance. Se as insatisfações e traumas do passado deixaram um vazio na sua vida, o momento presente é a chance que você tem de buscar o que pode preencher esse vazio. Se, atualmente, você está carente por conta da falta de realizações do passado, você pode ter a tendência para ser menos proativo na busca de novas fontes de amor e apoio que, de outra forma, você buscaria.

Aceite os acontecimentos de hoje e reenergize-se sabendo que pode atuar – hoje – sem estar preso aos condicionamentos do passado. Não fique mais agarrado ao buraco afetivo provocado pelo passado e permita-se acreditar que consegue fazer coisas que possam contribuir para a sua satisfação e da sua vida.

PASSADO: NÃO FIQUE PRESO NELE

Reviver o passado – aquele que dói – pode ser péssimo para a saúde emocional de agora. Ruminar a respeito de um passado negativo, que gerou dor física ou emocional, pode conduzir a pessoa a lamentações nada saudáveis, que também nada contribuem para o bem-estar e a felicidade de hoje.
Se você costuma refletir sobre o seu passado, e isso te traz sentimentos de raiva, culpa, ressentimento, vergonha, tristeza, angústia, medo, certamente, este processo é pouco produtivo e ainda mais dolorido do que já foi.
Você já deve ter percebido que esse retorno ao passado lhe é prejudicial; no entanto, por outro lado, não consegue evitá-lo. Em um estado de ressentimento, aflição, e preso aos acontecimentos do passado, a tendência é a estagnação, a prisão ao passado (que não volta) e, sem conseguir avançar e progredir em direção a soluções adaptativas e positivas para a sua vida.

Além disso tudo, retornar ao passado para reviver e avivar memórias de insatisfações e tristezas nos conduzem a preocupações e pensamentos negativos acerca destes acontecimento. Isso pode gerar autocrítica, lamentações, remorsos e até angustias. Usa-se a energia mental para algo não saudável, para crenças incapacitantes. Neste cenário, você se vê consumido pelo passado-pesado, sentindo e revivendo emoções inúteis. Passado pesado é, tal como uma âncora, amarada às ações do hoje, com pensamentos e sentimentos que o impedem de se mover livre em direção a uma vida próspera e feliz.

OLHAR PARA SI DE FORMA REALISTA E HONESTA

É preciso ter um olhar realista, honesto e corajoso sobre si mesmo, para que a consciência venha à tona e você perceba e conheça as suas formas de sentir, pensar e agir. Não se constrói nada sendo antipático, hostil, desagradável, agressivo, negativo e raivoso porque a nossa vida não está do jeito que gostaríamos que ela estivesse. É comum, nestes casos, também, enveredar por maus hábitos. Estes comportamentos não ajudam em nada. Precisamos nos perguntar: “Como vão as coisas, de verdade?”. E, perguntando isso para si mesmo, estaremos praticando a autoconsciência construtiva. Estaremos olhando e analisando, explorando e conversando com outras pessoas, a fim de estarmos totalmente conscientes de quem somos do que estamos fazendo.

Quando algo em nossa vida não está funcionando, essa consciência pode trazer a mudança. A partir de então, portanto, deixaremos de ser reativos e passaremos a ser ativos.

Só assim, antecipadamente, conseguiremos prever as conseqüências e, em consciência, escolher que ação será melhor de ser tomada. E, claro, as coisas, gradativamente, vão melhorando, já que teremos tomado consciência das ações anteriores e saberemos lidar com o estresse e tensões, construindo um padrão mental positivo e de mudança, que facilitará a nossa adaptação à vida.

Com a autoconsciência aumentada, as chances de ser feliz e saudável se expandem.

A consciência é uma forma verdadeiramente eficaz para gerar mudanças positivas nas nossas vidas. É uma ferramenta que todos possuímos e que é muito construtiva e poderosa e que podemos utilizar para ganhar mais controle e conhecimento sobre nós mesmos e, com isso, termos bem-estar e felicidade.

CONSCIÊNCIA: É O QUE PRECISAMOS PARA MUDAR OS COMPORTAMENTOS

A consciência é a única chave que pode ajudá-lo a mudar seus comportamentos indesejados.

Tornar-se consciente do que se faz, e da forma com o que se pensa e sente facilita a descoberta de velhos e novos comportamentos. Sem estarmos cônscios de que temos a possibilidade de mediar as nossas ações através da nossa consciência, e não de apenas agir no piloto automático, correndo o risco de sermos reféns de nós mesmos, e não sentirmos o impacto de nossas palavras e conseqüências dos nossos atos para com os outros e para conosco. Tendemos a agir de acordo com aquilo que sentimos e que nos passa na mente, assumindo (justificando) que tem que ser assim, e que somos assim.

A consciência, portanto, é fundamental para sermos bem sucedidos, para progredirmos e sermos felizes, porque mudaremos porque queremos, e porque estaremos ativos – e conscientes – da e na mudança.